quarta-feira, 18 de abril de 2012

FIZESTE BEM EM PARTIR,
ARTHUR RIMBAUD!

Fizeste bem em partir, Arthur Rimbaud!
Teus dezoito anos refratários à amizade, à malevolência,
à bobeira dos poetas de Paris, assim como ao zunzum de abelha
estéril de tua família ardenesa um pouco doída,
fizeste bem espalhá-los aos quatro ventos, em jogá-los sob a
lâmina de sua guilhotina precoce.
Tiveste razão em abandonar o bulevar dos preguiçosos,
os botequins, os mija-liras, pelo inferno das feras,
pelo comércio dos espertos e o bom-dia dos simples.

Este impulso absurdo do corpo e da alma,
esta bala de canhão que explode seu alvo, sim,
é isso mesmo a vida de um homem!
Não se pode, indefinidamente, saindo da infância,
estrangular seu próximo.
Se os vulcões mudam pouco de lugar, sua lava
percorre o grande vazio do mundo levando
virtudes que cantam em suas feridas.

Fizeste bem em partir, Arthur Rimbaud!
Ainda há quem creia, sem provas,
que contigo a felicidade é possível.


RENÉ CHAR

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